domingo, 29 de abril de 2012

Visita à Fundação João de Freitas e conversa com as Doutoras Saracura e Patylhaça

O Grupo Arte do Bem (GAB) esteve presente no domingo, 22 de abril, na Fundação João de Freitas, no Bairro São Mateus. Nosso encontro começou às 14h com visitas aos idosos residentes que nos brindaram com seu carisma e experiências de vida, além da alegria que muitos deles esbanjavam.

Integrantes do Grupo Arte do Bem.


Neste encontro foram oferecidos cupcakes (bolinhos individuais em forminhas e confeitados), com e sem açúcar, para os diabéticos. Nosso amigo Gedair realizou truques de mágica, além da presença também sempre bem vinda da Dra. Patylhaça e Dra. Saracura, que encheram a Fundação de alegria e alto astral, arrancando sorrisos até dos mais tímidos.

Marlene (Dra. Saracura), Moradora da Fundação
João de Freitas e Patrícia (Dra. Patylhaça)


Pelo fato de o Grupo Arte do Bem contar há cerca de três meses com essas duas amigas tão dedicadas a levar sorrisos a quem, muitas das vezes não têm a menor razão para sorrir, desta vez conversamos com Patrícia Mazzo e Marlene Alves, as nossas Artistas do Bem que nos acompanham nas instituições visitadas. Cabe ressaltar que nossa conversa aconteceu na própria Fundação, logo após nossa visita.

Marlene, a Dra. Saracura, conta que, desde antes de se integrar ao Grupo Arte do Bem, quando ainda trabalhava em hospital (antiga Cotrel, atual HPS e enfermaria da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora), já tinha a vontade de trabalhar levando alegria na forma de palhaça para doentes, mais especificamente para crianças, mas que não encontrava oportunidade. “O Grupo surgiu com a idéia de desenvolver esse trabalho como uma Artista do Bem e não pensei duas vezes. Se não fosse naquela hora não seria mais”, explica Marlene, evidenciando seu entusiasmo.

Patrícia, Dra. Patylhaça, diz que também sempre teve vontade, mas afirma não ter tido coragem. “Sempre quis fazer o que faço hoje; sempre quis ser uma palhaça, mas nunca tive coragem de viver isso, de expressar essa vontade, nem para o Grupo”, confessa às gargalhadas. “Numa sessão de fotos, acabaram me pintando de palhaça. Eu olhei e pensei: ‘Nossa! É isso que eu quero’. Conversei com a Marize (Marize Freesz, Coordenadora do Grupo Arte do Bem juntamente com Marcela Gaio) e tive todo apoio. Mesmo assim me senti inibida de fazer o trabalho sozinha e aí surgiu minha companheira, Saracura”, explica.

Perguntadas sobre qual é a satisfação trazida por esse trabalho, ambas compartilham da mesma opinião: “atingimos nosso objetivo quando conseguimos ver a alegria das pessoas com quem lidamos”. Patrícia comenta ainda que, muitas vezes, mesmo não estando bem, com problemas pessoais, ao colocar a roupa de palhaça, pintar o rosto, a alegria surge e a tristeza não tem mais espaço. “Saímos de casa às vezes tristes, no intuito de fazer rir e a gente acaba se melhorando. É contagiante. É muito bom”.

Marlene e Patrícia ressaltam que atuar como doutoras palhaças nem sempre é fácil. Segundo a experiência que já adquiriram, os assistidos por esse tipo de trabalho nem sempre estão receptivos, não querem brincadeiras, sejam crianças ou adultos. “Eu sempre procuro me colocar no lugar deles. Aqui na Fundação, por exemplo, é a casa deles. Não podemos ir entrando fazendo graça. Temos que respeitar o tempo de cada um. Eu não gostaria que alguém chegasse à minha casa sem avisar fazendo palhaçadas. Temos que conquistar o nosso espaço e caminhar de acordo com quem está do outro lado desse contato. Se vejo que posso ir mais além eu prossigo. Caso contrário, diminuo. Tem pessoas que são mais tímidas e outras que são mais extrovertidas. São seres humanos e respeito muito isso”, pondera Marlene Alves.

Questionadas se houve mudanças na forma de enxergar o semelhante depois do surgimento das Doutoras, as duas amigas também são unânimes em afirmar que, como palhaças, puderam levar sua contribuição ao Grupo Arte do Bem de uma forma mais
direcionada. “Sinto que posso ser mais amorosa, mais desprendida quando estou vestida de palhaça. Sinto que aquela roupa e maquiagem me ajudam muito a me doar mais, de maneira mais intensa”, afirma Patrícia Mazzo, que também fala sobre visitas a crianças doentes e a questão de se apegar. Patrícia explica ainda que não há como separar a personagem e não se envolver, pois o carinho que levam, mesmo estando vestidas de palhaças, é verdadeiro e intenso. “Não vejo o envolvimento como algo negativo. É sinal que nos compadecemos e nos integramos com o outro”, completa Marlene.

Vale lembrar que as palhaças doutoras do Grupo Arte do Bem não fizeram ainda curso de teatro. O resultado que apresentaram até agora é o somatório do que aprenderam com vídeos assistidos, documentários e relatos de quem já está nesse mesmo caminho, além, claro, da boa vontade que Marlene e Patrícia deixam impressa em suas visitas às instituições. Há um projeto aguardando decisão para que a dupla realize esse trabalho na Santa Casa.

A lição de Marlene e Patrícia é linda pelo fato de parecer tão paradoxal, tão antagônica, sendo que, na verdade é tão simples. Podemos nos perguntar: como é possível alguém levar alegria, sorrisos, vestido de palhaço a quem sofre, a quem, muitas vezes, não tem perspectiva de saúde, em ambientes aparentemente tão hostis e tristes, como hospitais, casas de repouso? A resposta elas mesmas nos dão, de imediato: “Levamos para essas pessoas o que temos de melhor e, para quem está doente, hospitalizado, nossa contribuição é fazer rir. Rir é o melhor remédio”, concluem nossas doutoras palhaças, nossas Artistas do bem.

Ricardo Assis.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Grupo Arte do Bem visita idosos na Sociedade Mão Amiga

No último domingo (1º de abril), o Grupo Arte do Bem promoveu mais um encontro na Sociedade Mão Amiga, no bairro Ipiranga. Desta vez, nossa atenção se voltou principalmente para os idosos da comunidade e, como não poderia deixar de ser, também tivemos a companhia sempre bem-vinda das crianças.

Não podemos deixar de mencionar a presença de alguns alunos da Faculdade de Comunicação Social (FACOM), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que acompanharam toda a nossa movimentação na instituição que em breve completará 28 anos. Conheça mais sobre a Associação Mão Amiga acessando o blog criado por esses alunos (www.sociedademaoamiga.blogspot.com).

Nosso encontro começou às 14h e logo a casa estava cheia. A Dra. Sara Cura e o mágico Gedair levaram gargalhadas e momentos de grande descontração aos mais jovens e aos mais idosos, provando que a alegria não tem idade. Na hora do lanche foi servido sanduiche, cachorro quente, torta salgada e suco.

O Grupo conversou com a senhora Maria Aparecida Jacob, 81 anos, viúva, moradora da comunidade e assistida pela Casa. Dona Aparecida, como é carinhosamente conhecida, aprendeu a escrever seu nome e a ler com a ajuda da instituição que oferece aulas de reforço para as crianças interessadas.Eu sempre quis escrever; era meu sonho desde criança. Como venho de uma família muito grande e pobre, tive que trabalhar desde cedo e o estudo ficou para trás, conta D. Aparecida.

O relato segue emocionado. sete anos conheci a professora Penha, no Projeto Curumim (situado em Santa Luzia) e falei para ela que eu queria aprender a escrever meu nome. Ela pediu que eu fosse na Mão Amiga que ela ia me ensinar. No primeiro dia eu mal sabia segurar o lápis. Fui devagar e um dia eu escrevi uma carta para ela agradecendo. Você não sabe o que é conhecer os ônibus, os bairros sem precisar ficar perguntando para os outros no ponto.
 
Dona Aparecida é natural de São João Nepomuceno e, além dos seus três filhos biológicos, adotou mais oito, mesmo diante de toda dificuldade enfrentada na vida. Seu exemplo de superação faz-nos meditar acerca da persistência de nossos sonhos frente às adversidades, e como aprendemos junto àqueles que pressupomos ajudar.
 
Quando perguntada sobre a importância da Associação Mão Amiga e sobre a presença do Grupo Arte do Bem naquele dia, a senhora respondeu de imediato:Aqui é uma maravilha de Deus. É o lugar que me acolheu. É uma mão amiga mesmo! Quando vejo grupos como vocês, de pessoas jovens, saírem de casa num domingo, deixando tudo para trás para passar um domingo com a gente, agradeço a Deus por isso. Para estar aqui quem tem o coração muito grande (...).
O que Dona Aparecida talvez ainda não saiba é que ela tem um coração enorme por nos ensinar tanto e nos dar a oportunidade de, com ela, aprendermos um pouco mais sobre como encarar a vida com tanto otimismo, humildade, força de vontade e por aguçar em nós a certeza de que temos muito ainda a aprender.

Ricardo Assis.